UMA FAMÍLIA ITINERANTE
Um pouco antes de a Revolução Francesa abalar os alicerces do poder na Europa, é possível que Anastácio Francisco tenha deixado a pequena aldeia de Cadaval, na Província de Lisboa, e embarcado para o Brasil. Deixou em Portugal a esposa e quatro filhos[1].
Cadaval era um povoado no sopé da Serra de Montejunto, próximo de Caldas da Rainha, com menos de 100 casas[2]. Funcionava como centro de uma região agrícola, domínio senhorial do Duque de Cadaval[3].
Não se sabe o que Anastácio Francisco fazia e nem o que o motivou a emigrar. Entretanto, a julgar pelo período da emigração – final do século XVIII, sob o reinado de D. José I e pouco depois do período pombalino – e do local de origem, ele não se enquadrava no perfil de emigrantes pobres da época, provenientes, em sua maioria do norte e noroeste de Portugal.
No século XVIII, o Brasil exercia verdadeiro fascínio sobre os portugueses. O Brasil tinha a imagem de ser o eldorado, a terra onde era fácil uma pessoa enriquecer. Grande parte dessa ideia se deve à ação dos mineiros em Portugal. O mineiro, no século XVIII, era o português que emigrava para as regiões de mineração em Minas Gerais, fazia fortuna e depois voltava rico para Portugal. O mito se manteve até o final do século, embora o ciclo do ouro e dos diamantes tenha terminado por volta de 1750.
A maioria dos que emigravam para o Brasil, até as últimas décadas do século XIX, não estava entre os indivíduos das camadas mais pobres da população portuguesa. Emigrar exigia despender uma grande quantia de dinheiro, com passaporte, passagem de navio e fiança militar. Portanto, tratava-se de uma migração mais seletiva, de indivíduos provenientes de famílias que tinham recursos para financiar uma viagem daquele porte. Esses imigrantes mais privilegiados é que tinham melhores condições de fazer fortuna no Brasil e eram principalmente estes que regressavam ricos para Portugal, aguçando o imaginário popular. Muitas vezes gostavam de mostrar sua riqueza, exibindo sua opulência: por exemplo, construíam grandes casas, algumas ainda podem ser vistas atualmente no Norte de Portugal, muitas vezes com tom de verde e amarelo, as cores do Brasil. Porém, a partir das últimas décadas do século XIX e no início do século XX, o perfil do imigrante português mudou completamente. Os pobres passaram a emigrar em massa para o Brasil, sem preparo e instrução, muitas vezes beneficiados por uma imigração subsidiada pelo governo brasileiro. Estes imigrantes chegavam pobres e, quase sempre, permaneciam pobres, engrossando a população de miseráveis no Brasil e procurando ajuda de instituições de caridade para sobreviver.
[1] Os filhos portugueses eram Antônio José das Mercês, Gertrude Maria das Mercês, Bernardina Maria e Lourenço Francisco. Não se sabe qual era o nome da mãe.
[2] Em 1864, o povoado tinha apenas 747 habitantes. Em 2011, a cidade de Cadaval tinha cerca de 3.000 habitantes e o município homônimo 14.000. Não há registro da população quando Anastácio Francisco deixou o povoado, por volta de 1785.
[3] O Duque de Cadaval e sua família moravam na cidade de Évora.
Mauricio Cadaval (2017)
FAMÍLIA GUIMARÃES CADAVAL – DIVERSIDADE GEOGRÁFICA
Meu pai, Luiz Palhano Cadaval, e seu único irmão, Syr Palhano Cadaval, nasceram, respectivamente, em São Luiz (MA) e Belém (PA). Ambos eram filhos de Luiz Azevedo Cadaval, nascido em Rio Grande (RS) e Izabel Palhano Cadaval, nascida no Codó (MA).
Luiz nasceu em 11/09/1904, casou-se aos 25 anos com Diva Guimarães Cadaval em 15/04/1929, em Belo Horizonte, e faleceu em 22/05/1993, aos 88 anos, nesta mesma cidade.
Syr nasceu em 07/05/1898, casou-se aos 29 anos com Dora de Carvalho Barbosa (Dorinha) em Belo Horizonte e faleceu em 23/06/1983, aos 85 anos, também nesta cidade.
(O que explica tanta diversidade geográfica?)
Muito cedo, por volta dos 16 anos, Luiz de Azevedo Cadaval deixou Rio Grande, sua cidade natal, e foi morar no Rio de Janeiro para estudar na Escola Naval e começar a sua longa carreira militar que seguiu até o seu falecimento em 15/12/1912. Acredita-se que, na Capital, morou com uma família de sobrenome Azevedo que Luiz acabou incorporando ao seu nome. Não se sabe com precisão quando se casou com Izabel Palhano, mas deve ter sido em 1895, quando ele tinha 40 anos e ela apenas 20. Os dois se conheceram quando Luiz foi designado para assumir o comando da Flotilha do Amazonas, sediado em Belém (PA). Nessa época conheceu Izabel que morava no Maranhão, e tinha ido visitar uma amiga em Belém. Casaram-se e, em 1896 nasceu Laide e no ano seguinte Zilda, ambas falecidas no mesmo ano de seu nascimento. Em 1898 nasceu Syr, também em Belém. Em 1902 Luiz Azevedo foi nomeado Capitão do Porto do Estado do Maranhão e, em São Luiz, nasceu Luiz Palhano Cadaval, seu segundo filho homem, em 1904.
Depois de muitas missões e cargos exercidos em várias regiões do país e no exterior, só voltou a residir no Rio de Janeiro com a família dois anos antes de seu falecimento, quando foi promovido a Contra Almirante e, depois de reformado, a Almirante. Pelo que se sabe, morreu em decorrência dos ferimentos sofridos num acidente com bonde no Rio de Janeiro, em 1912.
Izabel ficou viúva ainda jovem, aos 36 anos. Muito deprimida, saiu do Rio de Janeiro, onde residia, e foi visitar sua irmã mais velha que estava passando uma temporada em Belo Horizonte. A nova capital de Minas Gerais tinha apenas 15 anos e fascinou Izabel que decidiu se mudar para lá com os dois filhos: Syr com 14 anos e Luiz com 8.
Em Belo Horizonte, Syr e Luiz completaram seus estudos e ambos se formaram na Escola de Engenharia. Syr e Dorinha não tiveram filhos. Luiz e Diva tiveram sete filhos que deram origem a todo um novo ramo da família Cadaval, ou melhor, da família Guimarães-Cadaval. Diva nasceu em Belo Horizonte, mas vem de uma antiga família de Sabará (Costa). Sua mãe, Esmeraldina Costa Guimarães (1872-1962) casou-se com Francisco Antunes Silva Guimarães (1861-1930), alemão naturalizado brasileiro que, quando imigrou para o Brasil trocou de nome – antes chamava-se, provavelmente, Hans Becker. Era agrimensor e trabalhou na equipe de Arão Reis, que projetou a nova capital mineira.
É importante acrescentar uma nota sobre a origem de minha avó paterna, Izabel Palhano Cadaval. Ela era filha de um grande proprietário de terras do Codó (MA) que, em meados do século XIX dedicou-se ao cultivo de algodão com base no trabalho escravo. Seu pai se chamava Fabio Alexandrino de Matos Palhano (naturalidade, anos de nascimento e falecimento desconhecidos) e sua mãe Luiza Benigna Carvalho Palhano (1834 – 1922). No final do século XIX, a família abandonou as terras no Codó e se dispersou por várias cidades do Maranhão, Piauí e Rio de Janeiro.
Mauricio Cadaval (Brasília, 21/12/2017)
GENTE ANTIGA
Tentei me encontrar no mundo do passado. O que vi foram vultos, sombras e fragmentos emergindo de memórias que não são minhas. Mas as linhas de contato entre o que eu sou e os tempos idos existem. Em algum lugar.
Margarida
Margarida nasceu em 1826 e era escrava do Barão de Sabará. Aos 14 anos já era uma menina linda, de pele aveludada, feições de rosto delicadas e corpo sensual. Cedo foi chamada para o serviço da Sinhá, longe da fazenda e da senzala. Morava no sobrado que o Barão construiu para a família em Sabará.
Não conheceu mãe nem pai e foi criada com as outras escravas na fazenda, solta e livre como bicho, até que o um filho do Barão começou a se enrabichar por ela. Informada do que se passava, a patroa logo mandou trazê-la para a trupe de aias e mucamas na cidade e em pouco tempo se afeiçoou a ela.
Quando Margarida saia para fazer compras no armazém ou para passear com sua patroa, os olhares masculinos de negros e brancos se dirigiam para ela mais do que para as filhas da Sinhá, refletindo admiração e desejo. Um olhar em especial era retribuído por Margarida. O de Luiz Felisbino[1], um fazendeiro português de 40 anos radicado no Brasil, solteiro, que vinha sempre à cidade. Só mesmo na cabeça de uma menina podiam vingar os sonhos de um futuro comum. A diferença de idade não era problema, pois Margarida assistia sempre na igreja os casamentos de meninas com senhores maduros, abençoados e cercados pelas benesses da gente fina de Sabará. Difícil, quase impossível, era imaginar um casamento de escrava com fazendeiro.
Por isso, a surpresa foi muita quando Luiz Felisbino veio visitar o Barão e sua esposa numa tarde quente de dezembro. Margarida não foi chamada, mas ouviu tudo pela porta entreaberta da sala de visitas. Depois de exaltar o caráter benevolente do ilustre casal, ele se propôs a comprar Margarida pela soma que fosse exigida. Disse apenas que via nela a serviçal perfeita para os seus serviços domésticos, eximindo-se de declamar a sua paixão pela moça.
As intenções reais foram perfeitamente entendidas pelo Barão e sua esposa que, gentilmente, se negaram a vender Margarida.
Luiz Felisbino voltou à carga várias vezes, sempre com ofertas mais atraentes, até que depois de muito tempo o Barão concordou com a venda. Mas, havia uma condição, disse o Barão, imposta por sua esposa: Margarida só iria morar com ele depois de se casar. A felicidade foi total, Margarida ganhou alforria e se casou com Luiz Felisbino na Igreja do Carmo, numa cerimônia quase luxuosa.
Um ano depois, ela estava grávida e mais bonita do que nunca, fazendo planos para o filho e preparando o enxoval. No dia do parto e os sonhos dela e de Luiz se esfacelaram. Margarida não resistiu a uma séria complicação e faleceu aos 16 anos de idade, em 1842. A criança sobreviveu e recebeu o nome de Martiniano.
Luiz Felisbino voltou a se casar bem mais tarde com uma outra Margarida, esta da família Soares Ferreira, com quem não teve filhos. Morreu em 1871.
Martiniano e Ana Emilia ou uma loira no pedaço
Martiniano Augusto Costa (1842-1917) era mulato e tinha vergonha dessa condição. Talvez por causa disso tenha escolhido a moça mais loira de Sabará para se casar, Ana Emilia Martins (1846-1918).
Mas, quem era exatamente Ana Emilia Martins Costa? Seu pai, Francisco Lopes, era um comerciante rico de Sabará que recebeu (provavelmente comprou) o título de visconde no Segundo Império. Dizem que teria gasto toda a sua fortuna na tentativa de restaurar o trono de D. Pedro II, perdido com a Proclamação da República em 1889. Empobrecido, concordou a contragosto com o casamento de Ana Emília, sua filha única, com o mulato Martiniano que, na época, teria uma vida abastada[2]. A mãe de Ana Emília era Francisca Assis Martins. Ela e seu irmão, Inácio Antônio Assis Martins (1839-1903) eram filhos de Eufrásia Assis.
Aqui há uma séria divergência. Maria Cristina (filha de Mário) diz que Eufrásia era mãe solteira de vários filhos. Já José Francisco (filho de Tia Dulce) traz a informação de que ela era casada com Francisco Assis Martins Costa. Nas origens genealógicas os gatos são quase sempre pardos…
O irmão de Ana Emilia foi mais um nobre (tardio) do Segundo Império. Depois de ter sido deputado e senador entre 1872 e 1889, Inácio Antônio Assis Martins ganhou ou comprou o título de Visconde de Assis Martins, recebendo-o em 20 de julho de 1889. Quatro meses depois a República foi proclamada. Saiu da vida pública e foi ser presidente do Banco Construtor do Brasil. Afinal, a troca não foi tão ruim assim.
O baronato
A nossa árvore genealógica faz referência a vários barões e viscondes. Mas, quem foram eles?
No Brasil, os títulos nobiliárquicos eram quase sempre comprados por fazendeiros e comerciantes ricos e serviam para ostentação do poder político da elite. O baronato acabou sendo uma espécie de legitimação do poder local, nos moldes dos coronéis da extinta Guarda Nacional. Os títulos não eram hereditários. Quando o barão morria, seu filho tinha que pagar uma vultosa quantia ao Imperador para perpetuar o título do pai. Foram concedidos cerca de 950 títulos durante o Segundo Império, sem dúvida uma boa fonte de renda para o Imperador e sua família.
[1] Luiz Felisbino Costa, falecido em 1871.
[2] Em 1889 Ana Emilia já era uma “vielle dame” de 43 anos (sic), provavelmente já casada, o que não combina com o empobrecimento de Francisco Lopes depois da Proclamação da República.
Mauricio Cadaval (2008)
IMIGRAÇÃO PORTUGUESA NO BRASIL
Nos séculos XVIII e XIX, o Brasil exerceu verdadeiro fascínio sobre os portugueses. O Brasil tinha a imagem de ser o “eldorado“, a terra onde era fácil uma pessoa enriquecer. Grande parte dessa ideia se deve à ação dos mineiros e dos brasileiros em Portugal. O mineiro, no século XVIII, era o português que emigrava para as regiões mineradores de Minas Gerais, fazia fortuna e depois voltava rico para Portugal. O brasileiro de torna-viagem ou, simplesmente, brasileiro, por sua vez, era o português que emigrava para o Brasil no século XIX e voltava enriquecido.[72] As figuras do mineiro e depois do brasileiro faziam parte do imaginário português e foram amplamente retratados na literatura do País. A emigração em massa de portugueses que se deu, no século XVIII, para as regiões mineradoras da colônia e, mais tarde, na virada do século XIX para o XX, em direção ao Rio de Janeiro e a São Paulo se deve, em larga escala, a esse fascínio que os ex-emigrantes criavam na população.[72]
A maioria dos brasileiros não eram pobres antes de emigrar para o Brasil. Os portugueses que emigraram para o Brasil até as últimas décadas do século XIX não estavam entre os indivíduos das camadas mais pobres da população portuguesa. Emigrar para o Brasil exigia despender uma grande quantia de dinheiro, com passaporte, passagem de navio e fiança militar. Portanto, tratava-se de uma migração mais “seletiva”, de indivíduos provenientes de famílias que tinham recursos para financiar uma viagem daquele porte. Esses imigrantes mais privilegiados é que tinham melhores condições de fazer fortuna no Brasil e eram sobretudo estes que regressavam ricos para Portugal, aguçando o imaginário popular. Muitas vezes gostavam de mostrar sua riqueza, exibindo sua opulência pelas ruas das cidades. Construíam grandes casas, algumas ainda podem ser vistas atualmente no Norte de Portugal, muitas vezes com tom de verde e amarelo, as cores do Brasil. Porém, a partir das últimas décadas do século XIX e no início do século XX, o perfil do imigrante português mudou completamente. Os pobres passaram a emigrar em massa para o Brasil, sem preparo e instrução, muitas vezes beneficiados por uma imigração subsidiada pelo governo brasileiro. Estes imigrantes chegavam pobres e, quase sempre, permaneciam pobres, engrossando a população de miseráveis no Brasil e procurando ajuda de instituições de caridade para sobreviver.[73]
Não é exagero dizer que grande parte das transformações econômicas que teve Portugal no final do século XIX e início do século XX se devem graças à contribuição econômica desses “novos ricos” retornados do Brasil. Além de admiração, os brasileiros também causavam sentimentos de repulsa, pois alguns o acusavam de voltarem ricos, mas de continuarem ignorantes.[72]
A imagem que os brasileiros causavam na população portuguesa servia para mascarar a realidade que a maioria dos imigrantes portugueses enfrentavam no Brasil. Desde o século XVIII, era comum que os pais portugueses enviassem algum de seus filhos para o Brasil com o objetivo de fazer fortuna e voltar para Portugal, estimulados pela presença dos ex-emigrantes que voltavam ricos. Porém, apenas aqueles imigrantes que haviam conseguido se enriquecer faziam questão de destacar a sua vitória e esbanjar a sua opulência. Os imigrantes que haviam fracassado, por sua vez, tratavam de esconder o seu insucesso.[72] Envergonhados de retornarem pobres, deixavam-se ficar no Brasil e muitas vezes nunca mais voltavam para Portugal. Portanto, no imaginário coletivo português, permaneceu apenas a imagem do imigrante vitorioso, enquanto que o imigrante “perdedor” era ignorado. Isso explica o fato de que, embora muitos imigrantes portugueses no Brasil vivessem na pobreza, a imagem de que o Brasil era o eldorado ainda vigorou por muito tempo no imaginário dos portugueses por meio da ação dos brasileiros de torna-viagem.[72]
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O concubinato vai ser a regra durante todo o período colonial, e o matrimônio a exceção. A historiadora Júnia Furtado diz que os casamentos em igrejas só vão predominar no Brasil a partir do século XIX. Antes disso, as uniões consensuais eram a forma mais praticada de uniões de casais.[95] Fato notável da sexualidade dos homens portugueses no Brasil colonial é que estes davam preferência em se casar com mulheres portuguesas. Como estas eram poucas, partiam para brasileiras de ascendência portuguesa. Isto não quer dizer que os portugueses não se casavam com mulheres pardas ou negras. Há vários registros de colonos portugueses que oficializavam suas uniões com mulheres de origem africana, enfrentando o preconceito da sociedade para assumir essa relação. Mas por razões culturais, demográficas e econômicas, as uniões interétnicas eram majoritariamente apenas consensuais, quando não eram apenas relações sexuais passageiras.[95] A própria escravidão colocava a mulher escrava de origem africana numa condição de submissão em relação ao senhor, que muitas vezes a usava como objeto sexual.[96]
Os dados sobre casamentos e uniões consensuais no Brasil colonial mostram que os homens brancos tendiam a casar com mulheres de ascendência portuguesa, enquanto que aqueles que apenas se uniam consensualmente (a maioria dos casos) tendiam a fazê-lo com mulheres de ascendência africana. Em um levantamento das uniões consensuais havidas na Comarca do Rio das Velhas, em Minas Gerais, entre 1727 e 1756, os números mostram que entre os concubinos, 92% eram homens brancos. Porém, das concubinas, 52,1% eram africanas, 35,1% crioulas (negras brasileiras) ou mestiças, e apenas 11,8% eram brancas. Havia, portanto, um nítido predomínio de concubinato envolvendo um homem branco (92%) e uma mulher negra ou mulata (87,2%).[97] Todavia, os dados sobre casamentos mostram um outro quadro. Analisando os matrimônios envolvendo homens portugueses em Borda do Campo (Minas Gerais) entre 1750 e 1760, encontrou-se que apenas 13,4% das cônjuges eram portuguesas. Todavia, as cônjuges brasileiras de sabida ascendência portuguesa somavam 40% das noivas, dando um total de 50,3% as noivas de origem portuguesa declarada. Estes dados mostram a tendência do colono português de se unir consensualmente a uma mulher de origem africana, e a se casar com mulher de origem portuguesa.[85] Apesar da preferência em contrair matrimônio com mulheres portuguesas, a exiguidade de compatriotas compeliam os portugueses a se casarem com mulheres brasileiras, livres e brancas, ou com pardas e negras alforriadas, tanto que no início do século XIX, em São Paulo, 97% dos homens portugueses estavam casados com mulheres brasileiras. Defrontados com a escassez de mulheres portuguesas na colônia, é presumível que muitos portugueses optassem pelo celibato, pois em São Paulo, no mesmo período, 30% dos portugueses se encontravam nessa situação.[98]
No Brasil colonial, os casamentos constituídos eram exclusivos de uma minoria. Nestes casos, havia a figura da sinhá (esposa legítima) que era frequentemente obrigada a conviver com os filhos ilegítimos do seu marido tidos com escravas. Para a maioria da população, a sociedade brasileira era predominantemente matriarcal, especialmente nas classes subalternas, sendo a mulher solteira, negras, mulatas e brancas empobrecidas, as chefes de família.[99]
Trechos do artigo
[https://pt.wikipedia.org/wiki/
Imigra%C3%A7%C3%A3o_portuguesa_no_Brasil#Imigra%C3%A7%C3%A3o_de_transi%C3%A7%C3%A3o_(1700-1850)]
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Portugal tem uma longa história económica para contar
O consulado pombalino marcou algumas rupturas e o terramoto de 1755 foi a chave para uma nova era de políticas económicas. Mas, depois de uma fase de expansão, há dúvidas sobre a prestação da economia nas últimas décadas do século XVIII. A diversificação dos parceiros de Portugal e o exclusivo colonial garantiram balanças comerciais positivas mas a participação nos conflitos internacionais levou ao aumento dos défices públicos e porventura ao agravamento das condições económicas. Portugal teve então a primeira experiência de papel-moeda que esteve associada a uma forte inflação, com consequências gravosas nas rendas agrícolas e nos salários. Assim, o final do século XVIII terá assistido a uma perda significativa de níveis de vida da população.
https://www.publico.pt/2011/11/13/jornal/portugal-tem-uma-longa-historia-economica-para-contar-2
NINICO E A CINETOM
Recebi uma carta interessante da Sylvinha, minha prima, que mora no Rio de Janeiro. Ela é filha do Ninico (Élson Costa Guimarães, 1904-1981), irmão de Vovó Diva. Como vocês vão ver, Ninico produziu o primeiro projetor cinematográfico sonoro inteiramente brasileiro. A produtora Warner Brothers lançou o cinema sonoro nos EUA em 1926, mas foi em 1931 que surgiu o Movietone, sistema que se tornou o padrão da época.
Vejam o que a Sylvinha me contou:
“Meu pai veio para o Rio aos 14 anos para morar com o irmão Elvan (Tenente), que era dez nos mais velho do que ele e já era casado. Ele começou a trabalhar muito cedo. Ainda jovem, trabalhou como “cravador” (de letras) na firma Mappin & Webb. Por volta de 1930 entrou numa empresa que fazia instalações para cinema sonoro.
Conheceu minha mãe, Didi, que era sua vizinha (tio Elvan e meus avós mudaram-se para o bairro Grajaú no mesmo ano) e casaram-se em 1931. Eu nasci em 1933. Neste ano de 1933, ele e um amigo com que trabalhava abriram a firma CINETOM (E. Guimarães & Araújo) para instalações de cinema sonoro. Com um ano de existência já tinham feito 40 instalações em cidades do Brasil, e tinha representantes em Recife, Belo Horizonte e Salvador.
Em 1937, sai o sócio Guilherme Araújo e entra na sociedade tio Elvan (Tenente) e a firma passa a ser E. Guimarães & Irmão. Em alguns anos, foi lançado o primeiro projetor cinematográfico inteiramente brasileiro que foi denominado ELTOM, projetado e construído por meu pai.
A CINETOM foi o grande orgulho de meu pai. Construíram um galpão na área industrial do Rio e tiveram sucesso até a crise da indústria cinematográfica quando vários cinemas fecharam. Não me lembro o ano quando a CINETOM teve que ser fechada. Acho que no final dos anos 60 ou início dos 70. Meu pai já tinha bastante idade, mas quis continuar trabalhando em outra firma. Ao falecer, em 1981, aos 76 anos de idade, trabalhava na indústria Sonestel, de aparelhagens sonoras, onde supervisionava a produção da empresa. O engenheiro responsável por esta firma disse-me que meu pai “dava um banho” nos engenheiros novos.
Papai infelizmente faleceu em consequência de atropelamento de carro, na Região dos Lagos (RJ), onde tínhamos uma casa.”
Carta de Mauricio Cadaval para os irmãos.
MEMÓRIAS DE DIVA
Anotações de Paulo Cadaval com base em conversa com Diva G. Cadaval em jan. 2003.
Aurélio Lobo
- Filho da Da. Mariquinha. Aurélio tinha duas irmãs: Alzira e Alda. Alzira (Ziroca) era solteirona e foi professora de Mamãe.
- A família de Aurélio Lobo morava na Rua Araguaia com Rua Itajubá, num terreno dado pelo Vovô Guimarães.
- Filhos do Sr. Aurélio: Aquiles, Alfredo, Aida (casada com Argemiro Rezende Costa), Aurete, Antonieta (caçula), Ana, Anita e Anais. As duas últimas eram gêmeas, da idade de Mamãe.
- A mulher de Aurélio era Alcina, irmã da Vovó Nazinha.
- Ele foi prefeito de Belo Horizonte. “Afanou” muitos lotes da cidade.[1]
Juscelino
- Mamãe conheceu Paquita (irmã de Juscelino??) em Diamantina. Lá morava o Machadinho, que foi namorado de Tia Ilda.
- Juscelino veio para Belo Horizonte para estudar medicina e morar com os tios, Lourival (Lolô) e Newton, que fazia engenharia. Eles moravam na Rua Jacui.
Várias
- As filhas de Francisco e Nazinha eram chamadas as “meninas da Chácara do Seu Guimarães”. O apelido de Mamãe era “Mocidade” porque se metia entre os mais velhos…
- Tia Dulce namorou o Pedro Aleixo. Tia Olga era muito amiga da mãe dele.
- Vovô ganhou um lote em Belo Horizonte e cercou um quarteirão.
Irmãos de Mamãe
- Tenente, padrinho de batismo de Mamãe, era ourives;
- Elton era relojoeiro. Aprendeu o ofício com o Sr. Ernesto Bartolotta, da Relojoaria Bartolotta, que ficava na Av. Afonso Pena.
- Ninico era também ourives.
- Nhonhô era “vagabundo” e farrista.
- Elminho, bancário? Trabalhava na Chácara.
Irmãos pela idade
- Olga →Tenente (Elvan) → Ara →???
- Olga, Ara, Ilda, Dulce, Diva, Dora e Zulma.
- Tenente, Ninico (tinha uma fábrica de cinema, no Rio), (…), Nhonhô, Elminho.
Vizinhos da Chácara
- Zé Rubin (espanhol)
- Benjamin Gotti (motorista); suas filhas eram Olguinha e Dica.
- Cicina (madrinha de casamento de Mamãe; deu a ela o vestido de noiva)
- Gil Lemos, pai. Morava na esquina de Itajubá com Silva Jardim.
- Vovô Guimarães deu terrenos para Zé Rubin e Gil Lemos.
- Sarah Kubsticheck – Morava na Av. do Contorno. Seu pai era Jaime Gomes, Deputado Federal. Casou-se em segundas núpcias com Da. Luizinha Negrão de Lima. Deste casamento nasceram Sarah, Maria Luiza, Amélia, Geraldo e … .
- Amigas italianas – Eram as “Marri”: Maria, Olga e uma outra.
- Custódia era vizinha dos “Marri”, não tinha filhos e morava na esquina da Rua Silva Jardim com Sapucaí.
Hugo Werneck
- Era médico da família de Vovó. Casou-se com Dora. Seus filhos eram Ligia, Dorinha e (…) e Jaime e Jorge, ambos engenheiros.
- “… naquele tempo o médico da família tratava desde resfriado até a hora da morte” (Da. Diva).
Vizinhos da Rua Pe. Rolim, Av. Bernardo Monteiro e adjacências
- Vovó Belinha
- Isaura e Sr. Leste
- Ia (Meire, Lercy, Nizete) e Da. Elza (Ana Silvina e … )
- Gastão Behring e Da. Mariana
- João Vasconcellos e Eunice
- Ismael de Faria (Filhos do primeiro casamento: Itamar e Iracema; do segundo casamento: Roberto e Eduardo)
- Pedro Raso, Afonsinho – eram filhos da Da. Liça
- Mauro Bragança (Gal. Bragança/Major ou Tte. Cel Bragança)
- Heitor Menin, dono da Padaria Globo
- Chico D´Avila e família
- Benvinda de Carvalho (Marcelo, filho → Padre!)
- Maria José, casada com Lauro Vidal
- Mário Coutinho, casado com Da. Cecília. Tinha 12 filhos, entre eles Murilinho e Mário. A mãe do Dr. Mário era a Da. Milota.
- Zé Santeiro, casado com Lourdes. Tinham várias filhas, entre elas Zizinha (Dr. Gontel?), Izabel (casou-se com o Vecchio, que já morreu) e Ana Amélia.
- As “Compridas” eram três mulheres e mais a mãe. Rezadeiras.
- Leléu – morava na esquina de Bernardo Monteiro com Rua dos Ottoni (morreu)
- Os Tenutas: Haroldo (doido), Nilce, Titine, Dr. Armando, Olga (feia!)
- Repúblicas:
- Amor e Cana (Gilberto, Vitor/Maria Ester, Altair)
- Canaã (Danilo/Santuza, Chiquinho, Zé Luca, Waldomiro, Zé Otávio +, Renato +, Patrocínio).
- Da Da. Anita (mãe da Bertha Lucia e Marluci): Gerônimo, que era estudante.
Sabará
- Antônio Arcanjo, era agente do Correio, casado com a Chiquinha, irmã de Vovó Nazinha e madrinha de batismo de Mamãe. Seus filhos eram Maria José, Maria Isaura e Maria Arcangelina.
- Zezé de Nenê era professora, filha de Nenê (irmã de Vovó Nazinha). Moraram no apartamento junto à casa de Vovó Belinha, em Belo Horizonte.
- Joaquim Sepúlveda, médico, era casado com Antoninha, irmã de Vovó Nazinha. Seus filhos eram: Adauto (radio, apelido “Dodati”), Mário (era médico e morreu cedo), Joaquim (trabalhava na Rede Mineira de Viação), Carmem (casada com Juquinha Pertence e mãe de Pedro Joaquim e Zé Paulo – Ministro do STF), José (foi Prefeito de Sabará) e Otávio (casado com Tia Ara).
- Irmãs de Vovó Nazinha: Alcina (casada com Aurélio Lobo), Antoninha (a mais velha), Nenê, Chiquinha, Maria José (Zezé), Duarte e Ninico (Antônio)
- Martiniano, marido de Tia Dulce, era filho de Ninico (Antônio). Os irmãos de Martiniano eram José, Maria Costa e Ester.
[1] Observação de Maurício Cadaval: Aurélio Lobo não consta na relação oficial de prefeitos de Belo Horizonte.
FAZENDAS DOS PALHANOS
Fazenda Mata-Virgem
Foi formada como produtora de algodão na segunda metade do século XIX.
Era localizada na vertente esquerda do Rio Itapecuru, para o interior, a 12 léguas da Vila do Codó (Maranhão). Na Fazenda Mata-Virgem havia um córrego chamado Lava Saia. Da Mata-Virgem para Caxias, numa distância de 14 km, passava-se por Gonçalves Dias e Teixeira Mendes (povoados?). A viagem de Parnaíba para a Fazenda Mata-Virgem era feita pelo Rio Parnaíba até o Porto de São Martinho; de lá percorria-se 20 léguas, a cavalo, até a Mata-Virgem.
Fazenda Valparaiso
Também propriedade do Major Fábio Palhano, onde se plantava cana-de-açucar e criava bodes e chibarros. Ficava a 1 légua da Fazenda Mata-Virgem.
Fazenda do Bacabal ou Santa Rosa
Ficava muito próxima da Vila do Codó. É a antiga fazenda do Major Fábio Palhano; depois que ele se mudou para a Mata-Virgem, o Tio Fabico e a Tia Zota ficaram morando na Fazenda Bacabal.
Outras fazendas nas redondezas
Fazenda São Tomé – Ficava a ¼ de légua da Fazenda Mata-Virgem e pertencia a Tomé Soares da Mota.
Fazenda Mato Grosso – Era propriedade do sr. João Carlos. Nela havia criação de galinhas d´angola semi-selvagens e vários tipos de pássaros.
Fazenda Terra Nova – Pertencia ao Coronel Vaz, pai do futuro Dr. Zeca Vaz, Juiz Federal do Maranhão. Nela se pernoitava nas viagens da Fazenda Mata-Virgem para a Fazenda Bacabal.
Fazenda Sitio do Meio – Pertencia à Da. Ignez Marques de Souza. Ficava entre a Fazenda Terra Nova e a Fazenda Bacabal. Foi doada a todos os escravos que nela residiam e que receberam carta de liberdade.
Fazenda Santa Filomena – Nela se estabeleceu Romualdo Palhano, marido da Da. Luluca.
O TREZE DE MAIO NA FAZENDA[1]
(Texto extraído do livro “Farrapos de Tempos Idos…”
Continuava a correr placidamente a vida na fazenda. Mas na casa grande eram crescentes as apreensões pelo precário estado de saúde de meu Avô.
A feridinha que surgira sob a língua (arranhadura de um caco de dente) persistia em não querer sarar e ia pouco a pouco tomando vulto.
Minha Mãe era a incansável enfermeira do bom velho.
Ela mesma fazia os curativos diários e preparava-lhe o substancioso pirão de farinha de mandioca com carne socada, inventado para atender à crescente dificuldade de mastigação.
O velho, porém, não queria deixar o seu longo e antigo cachimbo, cheio de fumo forte; o afamado fumo do Codó, conhecido em toda a província.
O mais que minha Mãe conseguira fora lavar e secar aquele fumo negro, depois de saído da pequena máquina de picar, fixa no peitoril da varanda, do lado da estribaria.
Os negócios do velho também não andavam bem naquele ano, para sempre memorável, de 1888.
O cunhado, negociante em São Luiz, não pudera pagar ao banco os contos de reis (tenho uma idéia de que eram 13, se não 30) de que meu avô lhe fora fiador …
Apesar disso tinha o velho, de vez em quando, uns fortes acessos de altruísmo em que queria libertar os escravos; pelo menos alguns entre eles.
E nisto chega o mês de maio.
Lá para o dia 14 ou 15 apresenta-se na fazenda um positivo, chegado da vila com a notícia da abolição, decretada no Rio pela benemérita Princesa Imperial Regente e pelo, não menos benemérito, Conselheiro João Alfredo Corrêa de Araújo.
A nova tinha vindo da corte pelo telégrafo e se espalhava rapidamente por todo o pais …
Era noite, ainda cedo.
Meu Avô, nessa mesma hora, quis se comunicasse a boa nova aos ex-excravos.
O sino da varanda começou desde logo a badalar em frente à capela, e os pretos, intrigados com a extemporânea chamada, se foram reunindo no pátio, em frente, mal iluminado pela luz pálida dos candieiros de azeite, que tinham vindo para cima do peitoril.
Tio Otaviano, o antigo autor dos versos abolicionistas, foi o incumbido de anunciar o grande fato:
– Vocês estão todos livres! Não há mais escravos no Brasil!
Silêncio …
Parece que ninguém dá crédito a tão inesperadas palavras.
Todos os brancos nos achamos debruçados, sorridentes, ao peitoril, com exceção de tio Otaviano, que agora desce e vai se colocar no meio dos pretos:
– Vocês não são mais escravos! Estão todos forros!
Começa a surgir um crescente murmúrio. Mas não há ainda nenhum grito, nenhuma exclamação de júbilo.
Tio Otaviano prossegue:
– Agora vocês devem ser muito gratos a quem lhes acaba de dar a liberdade.
E, enchendo-se de entusiasmo:
– Viva a Princesa Imperial D. Isabel!
– Viva! Respondem os pretos, muito menos inflamados.
– Viva Joaquim Nabuco!
– Viva José do Patrocínio!
– Viva! …
– Agora vão brincar tambor; vão se divertir …
Só então os pretos começam a entender …
E lá se partem em busca dos tambores e da lenha para a fogueira, a discorrerem sobre a rainha que os tinha livrado do cativeiro.
Meu Avô deu ordem ao feitor para matar um boi e um cevado na manhã seguinte; mandou que distribuíssem logo café e algumas garrafas de cachaça para a festa. E o tambor troou todo o resto da noite.
Adormeci ao som das cantigas:
Meu benzim ta má comigo
Eu não sei promode quê.
Se eu lhe fiz alguma coisa
Pegue na peia e me dê.
Ê Nicolau,
Sela cavalo Nicolau,
Sela cavalo, Nicolau …
Na manhã seguinte o sitio continuou animado, cheio de caras alegres e de saias domingueiras.
Várias pretas fizeram, a seu modo, uma manifestação de simpatia a minha Avó: tomaram espontaneamente das suas cabaças e foram enchê-las ao açude para rega das “plantas da Dondon”.
Vejo-as bem, em fila, na direção da horta, cujo coxo ou depósito d´água não tardou em ficar inteiramente cheio.
Vários pretos também tomaram dos machados e foram tirar palmito para os cavalos de sela de Sinhô; resultando de tudo isso uma vasta expansão de alegria, a estender-se até aos animais privilegiados e até às plantas e flores.
Pela frente da estrebaria, entretanto, indiferentes à grande revolução que se operara, passavam lentamente as mansas jumentinhas de peludas e longas orelhas.
O Parafuso, lá dentro, mostra-se inquieto; a correr de um lado para outro, em movimento pendular; a nitrir repetidamente, de ventas dilatadas, de cabeça alta e pescoço recurvado, cheio de louras, ondeantes crinas.
Com a doença do velho diminuíra muito o já pequeno trabalho do nobre corcel, cada vez mais gordo e fogoso, de rego aberto e lustroso pelo.
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Depois do 13 de Maio os pretos não se dispersaram logo, como seria de esperar em homens ansiosos de experimentar, fora das telas do antigo viveiro, as novas asas da Liberdade. Fez-se com eles um contrato verbal; e quase todos, se não todos, voltaram à roça.
[1] J. Palhano de Jesus – Farrapos dos Tempos Idos ... Casa da Moeda, Rio de Janeiro, 1950 – p. 152-156.
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