Foi um namoro de férias, talvez nem isso. Melhor dizendo, uma paquera de adolescente. Seu nome era Eliete e morava em Itabira, onde eu às vezes passava férias em companhia de meu amigo Urbano. O primeiro encontro foi certamente no footing do paredão da Rua Tiradentes onde moças e rapazes passeavam à noite, em pequenos grupos, e eventualmente – mas não por acaso – formavam pares. Mãos dadas era o sinal de que um namoro estava começando. Eu e Eliete, apresentados pelas primas de Urbano, caminhamos de mãos dadas. Ela era magra, bonita e, se não me falha a memória, tinha olhos claros. O que mais me atraia, no entanto, era a sua delicadeza, mesclada a certa timidez e simplicidade. Não me lembro sobre o que conversávamos e nem quantas vezes nos encontramos. Sei apenas que o nosso último encontro começou num baile do Clube Atlético Itabirano.
Lá pelas tantas da madrugada e depois de muitas cervejas, fui levar Eliete em casa. Ela morava perto da antiga estação e, do clube até lá, era preciso atravessar uma área quase deserta, de vegetação rasteira. Fomos conversando no escuro e não prestei atenção no caminho. Depois da despedida, tomei a picada que me pareceu mais sugestiva para chegar ao centro, guiado pelas luzes distantes. Algum tempo depois, me dei conta de que chegara a lugar nenhum e, grogue como estava, não adiantava insistir. Deitei no chão e dormi. Acordei com os primeiros raios de sol batendo no meu rosto. No lusco-fusco da manhã, apesar de uma tremenda ressaca, identifiquei algumas referências e poucas horas depois estava no ônibus, retornando a Belo Horizonte.
Não voltei a Itabira e nunca mais revi Eliete.