Esta é uma história verdadeira.
Os japoneses gostam muito de corridas de cavalos. No Japão, a maioria dos animais que participam dessas corridas são criados e treinados em fazendas da região de Urakawa, na linda ilha de Hokaido. Quando jovens, eles são muito bem tratados e recebem treinamento para serem campeões nas pistas das grandes cidades.
Cavalos bem tratados vivem de 25 a 30 anos, mas, por volta dos 15 a 18 anos, eles são “aposentados” das corridas e perdem os favores que recebiam dos seus donos, geralmente interessados apenas no dinheiro dos prêmios.
Hatsume é uma jovem japonesa que trabalhou nas fazendas de Hokaido e gostava muito de cavalos. Ela sempre se perguntava o que acontece com eles quando são aposentados das corridas. Depois de muito pesquisar, descobriu que os cavalos que já não serviam mais para as corridas eram mandados para matadouros e sua carne vendida em açougues para alimentar pessoas e cães nas grandes cidades. Ficou horrorizada com tanta maldade.
O que fazer? Os donos das fazendas diziam que manter os cavalos aposentados é muito caro e eles não tinham dinheiro para jogar fora. Depois de muito pensar, Hatsume resolveu fazer alguma coisa. Com a ajuda de amigos e dinheiro que pediu emprestado no banco, comprou uma pequena fazenda e, com muito jeito, conseguiu que alguns criadores lhe dessem cavalos aposentados.
Agora que tinha uma fazendinha e um pequeno rebanho de cavalos, surgiu outro problema: como conseguir dinheiro para alimentar e tratar os animais? Hatsume viu que, morando em Hokaido, não ia resolver nada e decidiu se mudar para Toquio, a capital do Japão, e conseguir um emprego por lá. Foi o que ela fez. Voltava sempre à fazenda quando o tempo estava bom e quando havia feriados. Assim, com o dinheiro que lhe restava, conseguiu contratar dois empregados que cuidavam dos cavalos. Mas, ela ainda não estava satisfeita.
Numa de suas temporadas na fazenda percebeu como os cavalos, apesar de mais velhos, eram dóceis e gentis. Eles seriam ótimos, pensou Hatsume, para pessoas que gostam de cavalgar em passeios no campo e mesmo para quem se divertia só de observar a vida dos animais na fazenda. Na cidade grande onde trabalhava, ela conhecia muitas pessoas que nunca estiveram perto de um cavalo, mesmo tendo simpatia por eles. Foi assim que, na volta a Toquio, começou a fazer campanhas pela internet sobre o seu projeto de proteção dos cavalos ameaçados e a convidar as pessoas a visitarem sua fazendinha. Ela ficou impressionada com o sucesso de sua iniciativa: eram famílias inteiras que no verão queriam se hospedar na fazenda (aqui no Brasil se chamam haras), conhecer de perto a vida dos cavalos e de seus cuidadores e montarem para passeios nos belos campos da região.
As doações dos visitantes resolveram o problema de recursos que tanto preocupava Hatsume.