COMO SE CHAMA A HOLANDA
Precisei ir à Holanda pela terceira vez para descobrir que aquele pequeno, rico e encantador país não se chama Holanda, mas sim Nederland, que pode ser traduzido para País Baixo em português ou Netherlands em inglês. Holanda é uma província de Nederland. Chamar o país de Holanda corresponderia a chamar o Brasil de São Paulo ou Minas Gerais. A língua oficial do País Baixo é o dutch, mas todo mundo lá fala e entende o inglês, considerado uma segunda língua.
Quem me explicou tudo isso foram a Roberta e o Koen, que estavam montando apartamento em Rotterdam e me receberam com muito carinho.
NIEMEYER NO ÔNIBUS
O ônibus 108 faz a ligação entre a cidadezinha de Ede e uma área próxima ao Parque Nacional HogeVeluwe, meu destino naquela manhã. O motorista é o sr.Kayan, que fala fluentemente quatro idiomas: o árabe e o francês porque nasceu e cresceu na Argélia; o dutch e o inglês porque vive há muito tempo na Holanda. Gosta de conversar e pergunta de onde sou. Tem boas referências de Brasília e sabe tudo sobre Niemeyer. Comento que muitos arquitetos brasileiros não gostam das obras dele. “É um artista, senhor, um artista e não um arquiteto comum”. Bonjour, MonsieurKayan.
MUSEU DA HEINEKEN
Gosto muito da cerveja Heineken e sou muito curioso sobre o processo de fabricação de cervejas em geral. Por isso resolvi dar uma olhada no Museu Heineken, instalado no prédio onde funcionou a primeira fábrica da cerveja em Amsterdã. Na bilheteria me informaram que o ingresso custa 18 euros. Nos museus de arte de primeiríssima qualidade, como o Rijks e o Van Gogh, a entrada custa de 10 a 16 euros e, no Brasil, posso comprar 10 longnecks bem geladas por esse mesmo preço. Achei um absurdo uma multinacional cobrar esse valor para entrar num espaço que – convenhamos – foi montado para o marketing dela mesma. Desisti da visita.
Enquanto eu saía, um casal de brasileiros com dois filhos na faixa dos 18 anos estava enchendo a cesta com produtos de promoção da Heineken, vendidos a preços nada convidativos. Apressei o passo e fui embora.
HOTEL CONTAINER
O que você faria se tivesse que chegar ao aeroporto às 4 horas da manhã? Foi a pergunta que me fiz em Amsterdã. Pela primeira vez e um pouco movido pela curiosidade, eu me hospedei num hotel dentro do aeroporto, desses do tipo container, muito ao gosto dos japoneses. São dezenas, talvez centenas, de cubículos minúsculos de plástico, muito bem equipados, com banheiro, televisão, wi-fi e tudo mais, hermeticamente fechados e climatizados, sem janelas. Não recomendo para claustrofóbicos.
O hotel fica depois da área de controle de passaportes, mas antes do controle de segurança; há dezenas de free-shops à sua disposição, mas, como você ainda não tem cartão de embarque, só pode ver as mercadorias e não comprar. Não recomendo para os viciados em compras.
Para que você não se sinta um total prisioneiro dentro da cela, sem opções, há um pequeno quadro de controle da temperatura e da intensidade da luz. Por esse quadro, descobri que há luz especializada para ler, dormir, tomar banho, escrever e… para transar. Transar como, se mal cabe uma pessoa ali dentro? Com tudo tão pequeno e apertado é de se supor que o preço fosse pequeno. Não é. A diária fica em torno de 53 euros. Mas, tem uma vantagem: eles só aceitam reserva para um pernoite. E quem aguentaria mais?