Em Curitiba, um médico teve o carro roubado há dois dias. É a quarta vez, em dois anos, que o mesmo carro é levado por ladrões. Só nesta semana foram duas vezes.
O médico Guilherme Cadaval virou figura fácil nos pontos de ônibus, pegando carona no carro dos colegas de trabalho. “Tem que dar uma caroninha para os amigos que estão a pé, diz uma colega. Ou andando pelas ruas da cidade. Ele tinha um carro: um Verona ano 90, que sempre deixava estacionado perto do Hospital das Clínicas, onde ele trabalhava e foi ali que o automóvel virou o alvo preferido dos ladrões.
Em 2003, o carro foi roubado duas vezes e, nas duas vezes, a polícia conseguiu recuperá-lo. No início deste mês, os ladrões levaram o Verona novamente, de novo, a polícia trouxe o carro de volta. Desta vez ele estava em um desmanche em Curitiba. O médico viu o “famoso” Verona, semana passada em uma reportagem de televisão. “Que saudades. É um carro antigo, já não tem mais peças, eles desmancham e aproveitam as pecas pra serem vendidas, diz o médico.
Passagem: três dias depois de ver o carro recuperado na TV, o médico precisou voltar ao Hospital das Clínicas. Estacionou o carro mais ou menos a 300 metros do hospital. Quando retornou, adivinhe o que aconteceu: o carro tinha sido roubado pela quarta vez “Não acreditei, não é possível. Eu olhava, imaginava, talvez o carro tivesse um pouco mais acima, um pouco mais abaixo. Fui pra casa ainda pensando que eu teria deixado em outra rua, algum lugar diferente”, conta ele.
Doutor Guilherme já não tem tanta certeza de que o carro volte pra ele, de novo. Na casa dele, a garagem vazia ainda guarda uma lembrança: a mancha de óleo gravada no piso e escorrida do velho motor. “Eu penso que talvez eles retornando eu devo vender, já não aguento mais isso não. É um carro muito visado” conclui o médico. Apesar de tudo o médico mantém o bom humor por dois motivos: nunca encontrou os bandidos e o carro tem seguro.
(Matéria veiculada no Jornal da Globo, 07/03/2005)